terça-feira, 10 de maio de 2011

Ternura.


Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


  David Mourão-Ferreira.

1 comentário:

  1. É verdade. Não devia ser assim, mas muita gente ainda não sabe bem o significado da palavra "amor", e infelizmente num dia dizem que amam uma pessoa e no outro ja amam outra :\

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